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Quando ia dar o golpe fatal, o morcego lhe falou: “Calma, amigo bichano. Eu não sou ave coisíssima nenhuma. Sou bicho de pêlo, como tu...” Ao que o gato retrucou, já contrariado: “Mas tu tens asas e voas como todas as aves...” E o morcego, esperto: “Eu vôo de mentirinha! Olha bem para mim: Eu tenho pêlos, como tu. As aves têm penas...” E o gato, pensativo, balançou a cabeça e a cauda e concordou, indo embora atrás de um rato que passara...
“Ufa! Essa foi por pouco!” Exclamou o morcego, tirando uma gota de suor da testinha. Vou-me embora daqui.
Mas não era o dia de sorte do morcego. Indo para um depósito, lá foi encontrado por um gavião faminto que lhe abordou dizendo: “Ora, ora... eis aqui um bicho de pêlo. Tu sabes que as aves odeiam os animais de pêlo. Prepara-te para morrer!” E o morcego assustado: “Calma, forte gavião. Eu não sou bicho de pêlo! Porventura não tenho asas e não vôo como tu? Eu também
sou da família das aves...” E o gavião, retrucante: “Mas não tens penas...” E o morcego, já confiante: “Não tenho, mas é um disfarce. Sou ave, e pronto.” E o gavião voou para outra banda, deixando o morcego em paz.
Muitos homens, especialmente na política, são como os morcegos. Quando estão em época de eleição, são povo; após, são burguesia. Quando estão em campanha, são amigos; quando no mandato, são autoridades.
Alguns crentes também são assim: na Igreja são santos, honestos, amigos da Palavra de Deus, maridos e pais carinhosos, desviam-se do mal. Nas ruas são mundanos, trapalhões, blasfemos, infiéis, pecadores. Pobres morcegos, que não são aves nem bichos de pêlo, nem crente nem mundano, não se encontram aqui nem ali.
Cabeças turvas, mentes confusas, que desagradam a todos, perdem seu tempo e brincam com Deus. Qual será o seu final?
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