sábado, 5 de março de 2011

ARTIGO 02 - RESPEITE A MINHA FÉ

Respeite a minha fé
Um dia desses fui convidado por uma amiga para um almoço em Taguatinga. No convite, um pedido para que eu fizesse uma oração para abençoar um novo negócio que seria iniciado.
No momento de servir o almoço, a amiga veio me dizer que certo deputado, muito católico, estava presente, e, para não trazer qualquer constrangimento àquela autoridade, ela própria solicitaria que todos nos déssemos as mãos e pessoalmente oraria a Oração do Pai Nosso.
Logo depois, a amiga explicou a todos os presentes que somente oraria o “Pai Nosso”, em respeito a pessoas de diversas religiões presentes.
Pois bem, oramos o “Pai Nosso”, todos de mãos dadas. Mas, assim que chegamos ao “amém”, antes de soltarmos as mãos, a esposa do deputado católico iniciou a oração “Ave Maria”. Não tenho nada contra Maria, mãe de Cristo, muito pelo contrário, mas naquele momento, como Pastor evangélico, senti-me profundamente constrangido, desrespeitado na minha opção de fé.
Educadamente, nada falei, nem mesmo para a minha amiga, mas julguei prepotente a atitude daquela mulher.
Dias depois, compareci à inauguração de uma agência bancária. Alí, um padre foi convidado para abençoar o edifício. Até aí, nada de mais. Tudo bem. Só não ficou bem o referido religioso sair espargindo água benta em todos os presentes. Nesse caso, até tentei fugir, mas fui alcançado, e mais uma vez constrangido.
Nesta semana enfrentei um novo constrangimento semelhante: estava eu no Supermercado Super Maia, antigo Santa Felicidade, quando, às 18 horas, os alto-falantes começaram a transmitir mensagem lida por uma funcionária do Supermercado. A jovem leu o “Pai Nosso”, e mesmo somente esta oração já entendi por inoportuna afronta à fé (e até mesmo à falta de fé) dos clientes.
O meu constrangimento aumentou quando a mesma funcionária rezou a “Ave Maria”, seguida do “Creio em Deus Pai”, e logo depois a ladainha “Creio na Santa Igreja Católica...”
Julgando-me desrespeitado na minha opção religiosa, pensei em registrar uma reclamação na gerência. Mas, novamente, resolvi calar, mesmo julgando prepotente a atitude do estabelecimento.
Mesmo com toda a propaganda realizada ostensivamente pela Rede Globo, de que o Brasil é a maior “Nação Católica” do mundo; mesmo com a repórter Ilse Scanparini vivendo na Itália para registrar os atos do Papa, com matérias quase que diárias no horário nobre do Jornal Nacional; os brasileiros precisam entender que a nossa Nação não é uma “Nação Católica”.
De acordo com a Constituição Brasileira, os brasileiros tem liberdade de culto, podem escolher livremente a sua religião, podem escolher – ou não – servir a Deus. E, nessa liberdade, temos atualmente milhares de igrejas evangélicas espalhadas em todo o território nacional, e milhões de brasileiros, em percentual que beira os quarenta por cento da população, são cristãos evangélicos.
Não se trata de intolerância religiosa, mas eu não me sinto nada confortável em ter que rezar a “Ave Maria” de mãos dadas num evento social, nem de ser espargido de água benta numa inauguração; não se trata de purismo religioso, mas eu não acho nada adequado estar fazendo as minhas compras e ter que ouvir o “Creio na Santa Igreja Católica” pelos alto-falantes do mercado.
Nos episódios citados, mantive-me calado por educação; mas aqui neste espaço, registro o meu protesto: “respeite a minha fé!”

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