A morte sob um novo prisma
Quem sabe cheguemos ao nível de tornarmos os velórios em
festa e os sepultamentos num momento de grande alegria? Que as lágrimas
derramadas diante dos que morrem sejam de alegria, e não de tristeza?
Parece utópico, e é utópico se considerarmos nossos
históricos modelos mentais, mas quem sabe possamos atingir ao nível de, ao ser
diagnosticado de uma doença fatal, a pessoa agradeça a Deus?
E haja comentários do tipo: “Ele morreu tão jovem! Que sorte
a dele!” E os obituários sejam os locais onde estejam os mais sortudos daquele
dia. E os mais velhos tenham novo ânimo ao perceber que os dias passaram e que,
enfim, o grande momento se aproxima.
Não que se deixe de amar a vida terrena; não que se queira
antecipar a morte; mas que se deixe de ver a morte como um fim, mas que se
passe a vê-la como uma passagem. Que se deixe de ver a morte como um momento de
ruptura, mas como um momento de paz. Que a morte seja vista como um descanso,
um prêmio, a volta ao lar, o fim da lida, o êxito da missão.
Que a morte seja vista como alguém que, cansado ao final de
um dia fatigante de trabalho, encontra um sono tranquilo e reparador. Que a
morte seja vista como a sina da lenta e gosmenta lagarta que entra no casulo e
de lá só sai como uma leve, esvoaçante e colorida borboleta.
Como é inevitável até ao mais rico e o mais cuidadoso dos
seres humanos, que a morte seja vista de um prisma positivo.
Se isso acontecesse, morrer seria bem mais feliz. E, enfim,
a morte deixaria de ser um enigma.
E, daí, viver também seria bem mais feliz.
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Argumentos:
A morte como algo precioso: “Preciosa é à vista do Senhor a
morte dos seus santos” (Sl 116.15)
A morte como uma passagem: Disse Jó: “eu sei que o meu
Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida
a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus.” (Jó 19.25,26)
A morte como uma transformação: “Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre
deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita
por mãos, eterna, nos céus.” (II Co 5.1); “Porque, assim como todos morrem em
Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.” (I Co 15.22)
A morte como algo desejável: “Mas temos confiança e
desejamos, antes, deixar este corpo, para habitar com o Senhor.” (II Co 5.8)
A morte como prêmio: “Porque para mim o viver é Cristo, e o
morrer é ganho.” (Fp 1.21)
A morte como descanso: “Bem-aventurados os mortos que, desde
agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus
trabalhos, e as suas obras os sigam” (Ap 14.13b)
A morte como um momento de esperança: “Não quero, porém,
irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos
entristeçais, como os demais, que não tem esperança; porque, se cremos que
Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os
tornará a trazer com ele” (I Ts 4.13,14)
A morte como um sono: (Jo 11.11; I Co 15,6,18,20)
A morte como um momento de paz: Is 57.1,2
A morte como um momento de glória: Sl 73.24
Outras referências: Fp 1.23; II Co 4.16-18; II Tm 4.6-8; I
Co 15.55-57; Ap 6.11; Lc 16.22; Lc 23.43; Jo 14.2;
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