Honremos os nossos patriarcas
Em um programa de televisão, filmado num ferro-velho, vi uma
linda e velha Mercedes Benz, com peças faltando, abandonada junto a outros
pedaços de ferro retorcido.
Pensei que na década de 1970, um carro daqueles era o rei
das pistas em todo o Brasil; dirigi-lo era sinal de riqueza e poder;
possivelmente aquele carro, hoje abandonado no ferro-velho, atraiu olhares,
causou suspiros e o desejo de muitos que o viam acelerar pelas ruas da cidade.
Quem sabe, bem polido, participou de eventos magnânimos, levou seus ocupantes
para jantares especiais, festividades destinadas a poucos?
Refleti que, muitas vezes, tratamos os nossos líderes
antigos, nossos patriarcas, como gosto de chamá-los, como aquela velha
Mercedes.
Eles que, com o vigor de sua mocidade, percorreram as
regiões mais longínquas do país, sobre o lombo de cavalos, abriram igrejas,
pregaram o evangelho nas praças públicas, realizaram Cruzadas, evangelizaram
com afinco e dedicação; mas que, aos poucos, envelheceram, foram perdendo as forças,
a saúde física e mental, e, com isso, foram paulatinamente perdendo seu lugar
nos púlpitos, as oportunidades escassearam, e, agora se acham preteridos, quem
sabe até abandonados e maltratados como aquela linda Mercedes no ferro-velho...
Talvez tenham sido trocados por novos pastores, mais
modernos, mais eloquentes, mais estudados... e que, nem por isso, são mais
ungidos...
Que seria do evangelho em nosso país se não fosse o trabalho
e a coragem de nossos patriarcas? Em tempos em que pregar não estava na moda, e
o “frisson gospel” ainda não existia? Em tempos em que os evangélicos eram
minoria, discriminados como rebeldes, exagerados, barulhentos e fanáticos?
O que seria, por exemplo, do evangelho no Centro-Oeste
brasileiro, se aqui não militasse, com máxima dedicação e amor, o nosso querido
ancião, Pastor Antonio Inácio de Freitas (foto), ainda vivo,
com mais de 90 anos?
O que seria de mim, por exemplo, não fossem João Auto da
Silva, Adamastor Antonio Rosa, João Pereira, Paulo Firmo, Hilário Monte
Fernandes, dentre outros?
Honremos, pois esses patriarcas, enquanto estiverem entre
nós. Eles deram sua vida pelo evangelho de Cristo. De alguma forma, todos nós somos
filhos deles.
Não merecem estar como aquela velha Mercedes no ferro-velho.
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