QUE FAREI DE JESUS, CHAMADO CRISTO?
Texto
Base: Mt 27.22
“Disse-lhes
Pilatos: Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo?”
INTRODUÇÃO:
- Contexto: Jesus, depois de ser traído por Judas Iscariotes;
preso no Getsêmani; negado por Pedro; julgado culpado pelo Sinédrio;
esbofeteado pelos levitas; já na manhã da sexta-feira foi levado, pelos judeus,
para diante de Pôncio Pilatos.
- A decisão de Pilatos a
respeito da acusação dos judeus era relevante para a vida de Jesus, pois
naquela época os judeus estavam proibidos, por lei romana, de decretarem a pena
de morte.
- Quem era
Pilatos? Pilatos era prefeito (ou
governador) da província romana da Judéia, nomeado pelo Imperador Tibério em 26
dC; a Bíblia não traz muitos detalhes a respeito da sua vida, mas temos algumas
informações, tanto na Palavra quanto na tradição:
-
De acordo com a leitura de Lucas 13.1, era um idólatra e que havia sacrificado
muitos galileus.
-
De acordo com a leitura de Mateus 27.19, vemos que era um homem casado (de acordo
com os historiadores, sua esposa se chamava Prócula).
-
De acordo com o historiador Flávio Josefo, em seu livro “Guerra dos Judeus”,
Pilatos se apropriou de tesouros do Templo para construir um aqueduto.
-
Consta a existência de um livro, apócrifo, conhecido até os dias atuais,
denominado “Atos de Pilatos”, também conhecido como “Evangelho de Nicodemos”,
que levou Pilatos a ser canonizado pela Igreja Etíope.
-
De acordo com o historiador Eusébio de Cesaréia, em seu livro “História
Eclesiástica”, Pilatos cometeu suicídio no ano 37 dC, depois de cair em
desgraça com o Imperador Calígula.
- Contudo, voltemos à
Bíblia e foquemos exclusivamente nela, porque ela é a Palavra de Deus.
DESENVOLVIMENTO
- O momento mais relevante
da história da vida de Pilatos foi o encontro que ele teve com Jesus.
- Provavelmente Pilatos
estaria restrito a umas poucas páginas nos livros de história, e não estaria
aqui sendo abordado, tantos séculos depois, não fosse aquele encontro.
- Um encontro que, de tão
importante, foi registrado nos quatro Evangelhos (Mt, Mc, Lc e Jo).
1) UM ENCONTRO DIFERENTE
- O encontro de Pilatos com
o Senhor Jesus foi diferente de todos os encontros que Jesus teve em seu
ministério.
- Jesus
desejado: Em todos os encontros,
Jesus era visto como a solução dos problemas, o Santo, o Líder, o Filho de Deus,
o Senhor dos Senhores; as pessoas rogavam pela sua misericórdia, como foi o
caso de Jairo, Nicodemos, Bartimeu, a mulher Cananéia, a mulher do fluxo de
sangue, dentre tantos outros.
- Interessante que, em
todos esses casos, Jesus sequer hesitou em ajudar, em interceder, em realizar o
milagre, a cura, a libertação.
- Jesus
desprezado: Mas o encontro com
Pilatos foi diferente. Pilatos aparentemente não precisava de um milagre.
Pilatos aparentemente não precisava de Jesus.
- Pelo contrário,
humanamente falando, agora era Jesus que precisava da ação de Pilatos para
salvar a sua vida.
- Vejo ali um Jesus solitário,
abatido, cansado (não dormira à noite), decepcionado (um apóstolo o traíra,
outro o negara, os demais o abandonaram), ferido (os judeus o esbofetearam). Vendo
aproximar-se dele o cálice indesejável.
- Aparentemente frágil e nada
poderoso.
2) UM ENCONTRO SOB PRESSÃO
- O 1º
Encontro: Não consta nas Páginas
Sagradas que Jesus e Pilatos tenham se encontrado antes daquele momento. E o
encontro não teria momento mais complicado para ocorrer.
- Era época de Páscoa, o
dia da preparação, a cidade estava cheia e os judeus estavam alvoroçados,
gritavam pedindo a condenação e a morte de Jesus.
- Eis agora dois poderes se
encontrando, num momento sob extrema pressão: o poder terreno com o poder
celestial.
- Pilatos está transtornado
diante da pessoa de Jesus, que ele mesmo diz ser chamado Cristo.
- Pilatos está numa
situação difícil. Creio que, num primeiro momento, ele se afeiçoou a Cristo.
Ainda que ferido, ainda que exausto, Jesus é apaixonante.
- Conjecturo que o coração
de Pilatos palpitou mais forte ao deparar-se frente a frente com Jesus. Afinal,
Pilatos também era uma criatura das mãos de Deus.
- Faz perguntas a Cristo,
que é extremamente conciso em suas respostas. Não busca se defender.
- Mateus relata que Pilatos
estava muito maravilhado (Mt 27.14). Reconhece que estão entregando Jesus por
inveja (Mt 27.18). Reconhece que estava diante de um homem inocente e justo.
# Lucas relata que,
por 3 vezes, Pilatos testificou a inocência de Cristo:
Lc 23.4b – “Não acho
culpa alguma neste homem”;
Lc 23.14b – “Nenhuma
culpa, das que o acusais, acho neste homem”
Lc 23.22 – “Não acho
nele culpa alguma de morte”.
- Para piorar, Pilatos
recebe um preocupante comunicado de sua esposa: “não entres na questão desse
justo, porque num sonho eu muito sofri por causa dele” (Mt 27.19). Ela o
julgava justo.
# Aliás, quis a
sabedoria divina que diversas pessoas testemunhassem sobre a justiça de Jesus:
Pilatos (Lc 23.4b); a esposa de Pilatos (Mt 27.19); Judas Iscariotes (Mt 27.4);
o malfeitor na cruz (Lc 23.41); o Centurião (Lc 23.47).
- A turba dos judeus
pressiona.
- E nesse momento de
extrema intensidade Pilatos, não sabendo como proceder, faz a grande pergunta:
“Que farei de Jesus, chamado Cristo?” (Mt 27.22).
Os erros de Pilatos:
1)
Transfere a
responsabilidade da decisão para terceiros. Ele era o governador, ele era o
juiz qualificado, a ele cabia a decisão, e ele a transferiu: “Que farei de
Jesus?” (Mt 27.22)
2)
Envolve uma
terceira pessoa que não tinha nada a ver com a história, a fim de relativizar a
força da sua própria decisão? “Qual desses dois quereis que vos solte?” (Mt
27.21)
3)
Por pressão do
povo, condena uma pessoa à morte sabendo que era justa, inocente, que estava
sendo entregue por inveja. “Mas que mal fez ele?” (Mt 27.23)
4)
Lava as mãos como
sinal de que não participava daquilo; ora, sem a sua participação a condenação
à morte não seria possível. Lavar as mãos era uma maneira judaica (e não
romana) de expressar a não participação de um derramamento de sangue (Dt
21.6,7). Com isso despreza o sacrifício de Cristo.
5)
Ao mandar prender
a Jesus, Pilatos acaba soltando Barrabás (Mt 27.26). Justamente aquele homicida
e rebelde que deveria morrer foi solto, enquanto o justo e inocente foi preso.
3) UM ENCONTRO REPLICADO
- Nesse encontro vemos um
homem atribulado diante de uma situação complexa, dúvida tremenda: O que
fazer a respeito de Jesus?
- E ainda hoje vemos essa
história ser simbolicamente repetida na vida de muitas pessoas.
- Pessoas que, assim como
Pilatos, passaram praticamente toda a sua vida sem conhecerem Jesus; e que
agora o veem à sua frente, calado, mas extremamente apaixonante.
- E, assim como Pilatos, se
veem atraídas por Jesus, ainda que não o conheçam bem e profundamente. O
coração arde. As lágrimas rolam. O desejo de amá-lo, seguí-lo, reverenciá-lo,
salvá-lo, é muito grande.
- Quem sabe, assim como
Pilatos, essas pessoas não se veem em uma posição de inferioridade diante de
Cristo. Acham que não precisam de um milagre dele; acham que não precisam dele.
Mas apesar disso, estão afeiçoadas à Ele.
- O desejo dessas pessoas é
abraçá-lo; conhecê-lo; seguí-lo; mas, assim como Pilatos, esse encontro parece
ter ocorrido na hora errada.
- Há pressão de todos os
lados: a posição social; o respeito no trabalho; a esposa; a família; os que
gritam “Crucifica-o”; a quem ouvir?
- A voz que vem de dentro
ou as muitas vozes que vem de fora? Qual falará mais alto?
- Assim como Pilatos, muitos
preferem silenciar a voz de dentro, para agradar ao chefe; para não desagradar
a mãe; para não assumir compromissos; para não mudar de fé; para não se
envolver com Cristo.
- Assim como Pilatos,
muitos estão lavando as mãos, e perdendo a grande oportunidade de tomar uma
decisão ao lado de Cristo.
- Até vem aos Cultos, até
gosta dos hinos; até admira os sermões; mas comentem os erros de Pilatos:
- transferem a responsabilidade da decisão para outros;
- envolvem uma terceira pessoa que não tem nada a ver;
- desprezam a Cristo, mesmo o reconhecendo como justo;
-
Lavam as mãos diante do Salvador do Mundo. Ficam em cima do muro (e se esquecem
que o muro tem um dono).
-
Ao evitarem Cristo, acabam soltando o “Barrabás”. (“Barrabás” representa o
velho homem, o mundano, o pervertido, o viciado...)
CONCLUSÃO
- Quem sabe essa pessoa
hoje seja você? Quem sabe se, hoje, numa Igreja com tantas pessoas, o símbolo
de Pilatos é justamente você?
- Se é você, Deus está
falando isso com você agora.
- Quem sabe você está aqui,
nesta noite, diante de Cristo, seu Salvador, e está com o coração aos saltos
querendo abraçá-lo, recebê-lo, amá-lo, mas as pressões externas estão lhe
impedindo de decidir ao lado de Cristo.
- Hoje é noite de romper ao
estigma de Pilatos. Hoje é noite de decidir-se por Cristo, independentemente do
que vão dizer os outros. A decisão é sua. A decisão é intransferível.
- Que você fará de Jesus,
chamado Cristo?
CONVITE
- Hoje é o dia da decisão.
Qual será a sua? Ficar ao lado de Cristo ou atender aos apelos da multidão?